TEMPOS DIFÍCEIS II
Estamos a viver tempos difíceis, assistimos ao degradar das condições sociais, em vez de ganharmos direitos perdemos os que temos.
Há 40 anos atrás podia-se ter a reforma com 35 anos de trabalho e 55 anos de idade, hoje só se consegue a reforma com 66 anos e 7 meses de idade, devido à esperança de vida ter aumentado. Porque será que não se fala na qualidade de vida social, cultural ou física?
Os pais quase que não veem os filhos, deixam-nos nas creches ou escolas durante todo o dia, acumulando depois das aulas mais actividades até os pais os irem buscar, sempre a correr contra o tempo, que parece muito curto para brincar e estar com eles.
Por isso vemos muitas crianças e adolescentes revoltados, por falta de atenção e carinho dos pais. Vemos que lhes faltam valores às suas vidas, porque não respeitam o próximo, são exuberantes e agressivos.
No tempo em que eu era menino se um professor chamasse a atenção a uma criança e lhe desse com um ponteiro ou um "calduço" e a criança se queixasse aos pais, estes indagavam o porquê desse procedimento ou atitude junto da criança, ou falavam com os professores para saber o que se tinha passado e, por vezes, aplicavam um segundo castigo à criança, em resultado do que tinham apurado.
Hoje parte-se para a agressão aos professores, tanto por parte dos pais como dos filhos, só porque o menino não gostou da repreensão ou se queixou que o professor foi mau ou lhe fez mal. Tudo isto é resultado da falta de educação dos pais e dos filhos.
Hoje em dia não se respeita os mais velhos nem os professores, isso é coisa do passado!
Voltando ao degradar das condições sociais, verificamos que passados quase 50 anos do 25 de Abril a evolução política é pobre, vemos que os partidos que têm passado pelos governos não tomam medidas para correcção das desigualdades, não melhoram a justiça, não melhoram a saúde, não melhoram a qualidade de vida dos portugueses, os quais têm vindo a perder regalias sociais ao longo dos anos. Apesar de estarmos na CEE, estamos na cauda, não há igualdade social nem salarial. Isto não se aplica aos gestores das grandes empresas e bancos que são dos mais bem pagos na Europa. Os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. "Esta é a nossa sina!"
Não penalizam a corrupção, embora seja uma bandeira de vários partidos, partidos esses que se achincalham uns aos outros. O poder só por si corrompe! E eles deixam-se corromper por quem os alimenta de forma extraordinária.
Somos um povo que elege o poder pela cor, tal como nos clubes. E estes poderes eternizam-se nos governos, nas centrais sindicais e sindicatos e em muitas outas instituições. Ajudam-se uns aos outros. Quando abraçam estes poderes não querem outra coisa. É preciso é controlar o zé povinho. Vejam-se as pessoas que os compõem ao longo dos anos.
Recentemente assistimos ao nascimento de um partido com um discurso populista, que é feito de muitas verdades que o povo reconhece, para cativar os pobres de espírito e os mais radicais para servirem os seus interesses. E lá vai o zé povinho com bandeirinhas nas mãos a gritar palavras de ordem seguindo políticos beijoqueiros, quando lhes interessa, por feiras e praças. Mas conseguiram o que queriam, é preciso é falar ao coração para chegar lá!
Há uma grande força, ainda por aparecer, que é a força da abstenção. Os jovens, homens do futuro, podem ser a esperança deste país.
Alguém há muito tempo disse: "só temos o que merecemos" .
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